sexta-feira, 4 de julho de 2014

É pra você, Neymar!

Neymar sai de maca
Saio da redação do Lance! e pela primeira vez vejo movimentação na rua após o jogo do Brasil. Os bares, que antes estavam fechados ou vazios, nesta noite já reuniam torcedores animados e uma roda de samba. Parecia que finalmente a Cidade Nova havia acordado para a Copa do Mundo.

Com o sentimento de dever cumprido, rumo à rodoviária Novo Rio para a minha subida diária ao Alpes Cariocas. No caminho, aquele bate-papo tradicional com o taxista, que se mostra mais preocupado com a Alemanha do que a ausência de Thiago Silva. Concordo e logo chegamos ao destino.

Sem pressa, parto para a minha rotina de volta pra casa. Compro a passagem no guichê e subo para a praça de alimentação para 'jantar' alguma coisa e ver a cara dos gringos que deixam a cidade. Algo comum nestes dias de Copa. Hoje foi a vez dos franceses se despedirem por aqui. E, com exceção de um grito solitário e melancólico de 'ale le bleu' ao fundo, nada muito diferente dos outros dias. Alguns estrangeiros sem rumo tentando descansar e digerir a 10ª coxinha do dia, outros fantasiados de verde e amarelo tentando se fazerem passar por brasileiros... Normal!

De diferente dos outros retornos para Petrópolis, apenas a certeza de que os deuses do futebol estavam do nosso lado e que ninguém parará a gente neste Mundial! A alegria no rosto de cada pessoa era mais intensa. Deve ser a tal da confiança.

Entro no ônibus e sigo para o final dele, torcendo para que ninguém compre a poltrona do lado - não rolou. Com praticamente todos os passageiros uniformizados - alguns até com a cara pintada -, a condução mais parece uma excursão ao Maraca.

Recosto o banco, boto o fone e já começo a pensar nos jogos de Argentina e Holanda. Ainda na adrenalina da partida, Toxicity, do System of a down, estoura nos meus ouvidos e aparentemente atrapalha o meu 'vizinho' que já se recostava para dormir. Percebendo que não teria muito sossego, ele pega o seu celular.

Mal saímos do terminal e chega a notícia: Neymar fraturou a 3ª vértebra. Era minha mulher me avisando. "Mas como assim?", respondo abismado. "Está fora da Copa", se limita a responder.

De repente aquela tranquilidade - não nos meus ouvidos - do ônibus parece ganhar um outro ar. Incredulidade, eu arriscaria dizer. Na minha cabeça, todos ali receberam aquela notícia ao mesmo tempo que eu. E, se não, cabia a mim informar àquelas pessoas que o nosso craque havia sido abatido.

Olho para o lado e reparo que meu companheiro de viagem está assistindo a Globo pelo celular. Galvão, com uma cara não amigável, devia estar comentando a respeito do caso. Do nada ele tira da tv e envia uma mensagem para alguém confirmando o que minha noiva já havia me dito. Sim, era verdade. Neymar não jogará mais nesta Copa do Mundo.

Sai o rock pesado e começa a rolar Jesuton (conhecem? Vale a pena!). É hora de pensar, não para pânico. Afinal, ele nem jogou tanto hoje e ainda assim ganhamos. Vamos ter calma, penso eu - mais nervoso que as outras 40 pessoas naquele ônibus que ainda não haviam recebido aquela notícia.

Por um momento eu invejo aquela galera que, por falta de informação, segue com sua fé inabalável na Seleção.

Olho para o lado e espio mais uma mensagem do meu companheiro de desespero: "Vamos perder velocidade mas vamos ter mais toque de bola. Sem o Neymar fica mais coletivo". Escreve ele todo otimista. Que inveja.

Passo a imaginar inúmeras maneiras do time tentar suprir essa ausência e a única conclusão que chego é que, taticamente e tecnicamente, é impossível não haver perda. E isso não ajuda a tranquilizar.

Dou mais olhada na conversa do amigo ao lado tentando achar algo que me devolva o ânimo que eu tinha até alguns minutos atrás. Parecia ser o fim da conversa que durara praticamente todo o percurso até a subida da Serra, quando cai o sinal.

"F...-se, agora a gente ganha nem que seja na porrada! Aqui se faz, aqui se paga!", enviou ele.

Na minha cabeça, essa frase já fazia mais sentido. Pensar num esquema onde a ausência de Neymar não seja sentida, é impossível. Mas a forma de encarar os dois próximos adversários pode ser alterada e dar certo. Agora que nos tiraram a 'Ousadia e Alegria', vamos para a briga, na força, na garra.

Sem Neymar e Thiago Silva, mas com milhões de brasileiros doidos por vingança. Mexeram com o 'presidente'...

Não me surpreenderá se Fred começar a fazer gols e Hulk e Oscar voltarem a ser protagonistas. As vezes é preciso tomar uma porrada - literalmente - para acordarmos.

Foi mal, Alemanha, mas sobrou para você...

Agora, é 'na porrada'! É Libertadores! É pra você, Neymar!

E MAIS:

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