Por André Schmidt
FICHA DO JOGADOR
Wescley Pina Gonçalves
Zagueiro, 15/07/1984, Vila Velha (ES)
Pelo Vasco
2002 - 1 jogo e 0 gols
2003 - 43 jogos e 3 gols
2004 - 31 jogos e 1 gol
Total - 78 jogos e 4 gols
AS - Logo em seu primeiro ano como titular dos profissionais do Vasco você conquistou o Campeonato Carioca. Como foi estrear já com título?
W - Muito importante para eu poder me manter entre os profissionais e sempre bom ganhar um título.
AS - Você teve passagem pelas seleções de base do Brasil. Qual a importância para você de ter tido esta experiência?
W - Importância muito grande, porque desde muito novo já pude representar o futebol brasileiro usando essa camisa amarelinha que é respeitada no mundo todo. Uma responsabilidade muito grande também e serviu de bagagem para eu poder ter minha oportunidade no profissional, que era tudo o que um menino na base de um clube quer.
AS - A cobrança de falta sempre foi um ponto forte seu. Tem algum jogador, ou ex-jogador, que você se inspira?
W - No nosso grupo mesmo tinha jogadores que batiam muito bem na bola, como o Pet e o Marcelinho Carioca, e eu procurava observar. Quando eles não estavam no jogo eu tentava fazer bem o papel.
AS - Em 2004, o Vasco passou por um período difícil, com algumas rixas dentro do grupo - principalmente após a chegada de Edmundo - entre jogadores de renome como Petkovic e Marcelinho Carioca. Como era o clima daquele grupo? É difícil trabalhar em um grupo com muitas estrelas?
W - Eram jogadores já com um nome muito grande no futebol e, querendo ou não, existe a vaidade, era isso que atrapalhava. Mas para mim, e meus amigos que estavam subindo comigo para o profissional, era muito difícil, porque quem esta subindo precisa de um grupo forte e um time forte para poder fazer um bom trabalho. Quando o time não ganhava, a imprensa colocava toda a culpa em nós, meninos, que estavam subindo e consequentemente uma parte da torcida achava o mesmo e acabava vaiando alguns jogadores, e isso era ruim.
AS - Você deixou o Vasco ainda muito jovem - com 20 anos se transferiu para o Maccabi Haifa, de Israel - como foi a sua adaptação ao país e ao clube?
W - É sempre difícil a adaptação, ainda mais para um jovem, saindo novo sem experiência nenhuma de como é um time fora do seu país.
AS - O que o motivou a deixar o Vasco tão cedo?
W - Acho que muito pelo momento que o time tava vivendo, aí tive essa oportunidade. Se fosse hoje acho que não sairia. Na verdade, eu tinha medo de não continuar no profissional, nós éramos muito criticados e isso dava muito insegurança. E na própria diretoria eu não via aquela confiança no meu futebol, isso dava medo.
AS - No ano seguinte, 2005, você retornou ao Brasil para defender o Corinthians, conquistando o maior título de sua carreira: o de campeão brasileiro. Como foi atuar ao lado de grandes jogadores como Tevez, Mascherano e Nilmar?
W - Experiência maravilhosa, o Tevez e o Mascherano eu já conhecia muito bem, sempre fomos rivais de seleção de base e a maioria do grupo eu conhecia porque eram todos da minha idade e companheiros de seleção, como Marcelo Mattos, Carlos Alberto, Wendel e Marcelo. Era muito show estar naquele grupo, aprendi muita coisa. Ser campeão brasileiro então foi tudo de bom. Agradeço a DEUS por um dia ter me dado essa oportunidade, de fazer parte de um grupo daquele e ter vestido a camisa do Corinthians, um dos clubes mais importantes do Brasil.
AS - Depois de uma passagem pelo Estrela Amadora de Portugal você retornou ao Brasil para atuar pelo Juventude. Como você avalia a sua passagem pelo futebol europeu?
W - Esse clube não existe, não gostei, passei por momentos chatos nesse time.
AS - O que aconteceu em Portugal que lhe aborreceu tanto?
W – É um clube sem estrutura nenhuma. Teve dia que nem campo para treinar tinha! Quando eu cheguei lá fiquei sabendo que tinha jogador que estava há oito meses sem receber salário. O presidente não queria cumprir com um acordo que tínhamos no contrato porque minha esposa foi grávida e eles tinham que pagar o parto e as coisas do hospital. Faltando um dia para meu filho nascer, ele ficou fugindo de mim dizendo que não ia pagar e eu ligava e ele desligava o telefone na minha cara. Foi muito desgastante, porque estava fora do meu país e preocupado com o meu filho. Mas Graças a DEUS o médico foi super legal conosco e falou assim: “Se está no contrato ele tem pagar.”, e deu tudo certo. Logo depois disso pedi para ir embora.
AS - Em Caxias, você foi vítima de um assalto em que seu filho acabou baleado, mas sobreviveu. Essa violência fez com que você desistisse de atuar no Brasil? O que mudou em você, dentro e fora de campo, após este episódio?
W - Não foi isso que fez eu sair do Brasil não, acho que foi mais pela falta de oportunidade em algum clube bom aí, No momento que aconteceu isso com meu filho foi o momento mais difícil da minha vida, mas eu achava que era forte demais e que não tinha tido nenhuma mudança em meu comportamento, até porque era difícil acreditar que aquilo tinha acontecido com meu filho que tinha sete meses. Eu não tinha muito noção, parece que a ficha não tinha caído que ele tinha tomado um tiro e eu tentava viver normalmente, como se nada tivesse acontecido. Uma hora antes de acontecer isto, ele estava dentro de casa pulando em uma cadeirinha de balanço e eu não queria acreditar, quando eu ia treinar sempre falava pra ele: “-O papai vai trabalhar e cuida da mamãe, porque quando eu não estou é você o homem da casa.” E ele me olhava como se entendesse. Quando eu o vi no hospital entubado foi muito ruim. No outro dia de manhã eu tive força para ir treinar, não queria ficar lá no hospital senão ia ficar louco. Quando ele foi operado, ele não tinha aberto os olhos ainda, mas quando eu tava saindo para o treino falei a mesma coisa que falava sempre do ladinho dele e foi uma emoção tão forte que ele abriu os olhos e olhou para mim. Mas depois de dois anos do ocorrido parece que caiu a ficha agora e naquela época eu achava que eu não tinha mudado meu comportamento. Hoje eu vejo que fiz coisas que nunca deveria ter feito no clube, de brigar com as pessoas, de ser grosseiro com companheiro, de discutir com diretor, mas hoje quando o vejo brincando e correndo, me pego chorando sozinho. Ou quando vejo alguma coisa que aconteceu com alguma criança me faz chorar. Mas não conta para os atacantes não porque senão eles vão achar que sou um zagueiro meigo né?! (Risos)
AS - Atualmente você está na Turquia defendendo o Denizlispor. Qual a grande diferença de estrutura entre os clubes em que você atuou fora do Brasil e os daqui?
W - Sim, é um clube pequeno, porém, tem uma estrutura muito boa, um CT ótimo, que clubes grandes aí do Brasil não tem.
AS - Você defendeu o Criciúma na Série B 2008, mas a equipe catarinense acabou rebaixada. O que você acha que é mais complicado na disputa da “segundona”?
W - É mais pegada que a Série A. O time que não conseguir ter uma equipe competitiva, que corra bastante e que lute muito, tende a cair ou não conseguir o grande objetivo que é subir para a primeira. Foi o que aconteceu conosco lá no Criciúma. No papel tínhamos um time ótimo, com jogadores de nome, mas não conseguimos formar um time competitivo. Muita mudança de treinador e outros vários fatores também contribuíram para a queda.
AS - Você aceitaria retornar ao Vasco?
W - Com certeza! É um clube que admiro muito, vivi minha adolescência toda no Vasco. Cheguei com 12 anos e saí com 20, todos dentro de São Januário. Tenho um respeito muito grande pelo Vasco, foi o clube que me deu toda estrutura para eu ser um bom jogador, uma pessoa melhor e hoje, depois de todo esse tempo que sai daí, a vontade de voltar é grande. Hoje estou com 25 anos, muito mais maduro, mais experiente, mais seguro do meu futebol, com uma família formada, mais responsável e, se um dia eu tiver a chance de vestir essa camisa de novo, vai ser como da primeira vez que cheguei à São Januário, com 12 anos e cheio de expectativa e sonhos.
AS - Mande um recado para a torcida vascaína!
W - O Sentimento não pode parar! Um grande abraço para todos! Estamos na luta até o fim para retornamos para a Série A. AMO ESSE CLUBE DE CORAÇÃO!
VÍDEO DO JOGO EM QUE WESCLEY MARCOU O SEU PRIMEIRO GOL PELO VASCO:
FICHA DO JOGADOR
Wescley Pina Gonçalves
Zagueiro, 15/07/1984, Vila Velha (ES)
Pelo Vasco
2002 - 1 jogo e 0 gols
2003 - 43 jogos e 3 gols
2004 - 31 jogos e 1 gol
Total - 78 jogos e 4 gols
AS - Logo em seu primeiro ano como titular dos profissionais do Vasco você conquistou o Campeonato Carioca. Como foi estrear já com título?
W - Muito importante para eu poder me manter entre os profissionais e sempre bom ganhar um título.
AS - Você teve passagem pelas seleções de base do Brasil. Qual a importância para você de ter tido esta experiência?
W - Importância muito grande, porque desde muito novo já pude representar o futebol brasileiro usando essa camisa amarelinha que é respeitada no mundo todo. Uma responsabilidade muito grande também e serviu de bagagem para eu poder ter minha oportunidade no profissional, que era tudo o que um menino na base de um clube quer.
AS - A cobrança de falta sempre foi um ponto forte seu. Tem algum jogador, ou ex-jogador, que você se inspira?
W - No nosso grupo mesmo tinha jogadores que batiam muito bem na bola, como o Pet e o Marcelinho Carioca, e eu procurava observar. Quando eles não estavam no jogo eu tentava fazer bem o papel.
AS - Em 2004, o Vasco passou por um período difícil, com algumas rixas dentro do grupo - principalmente após a chegada de Edmundo - entre jogadores de renome como Petkovic e Marcelinho Carioca. Como era o clima daquele grupo? É difícil trabalhar em um grupo com muitas estrelas?
W - Eram jogadores já com um nome muito grande no futebol e, querendo ou não, existe a vaidade, era isso que atrapalhava. Mas para mim, e meus amigos que estavam subindo comigo para o profissional, era muito difícil, porque quem esta subindo precisa de um grupo forte e um time forte para poder fazer um bom trabalho. Quando o time não ganhava, a imprensa colocava toda a culpa em nós, meninos, que estavam subindo e consequentemente uma parte da torcida achava o mesmo e acabava vaiando alguns jogadores, e isso era ruim.
AS - Você deixou o Vasco ainda muito jovem - com 20 anos se transferiu para o Maccabi Haifa, de Israel - como foi a sua adaptação ao país e ao clube?
W - É sempre difícil a adaptação, ainda mais para um jovem, saindo novo sem experiência nenhuma de como é um time fora do seu país.
AS - O que o motivou a deixar o Vasco tão cedo?
W - Acho que muito pelo momento que o time tava vivendo, aí tive essa oportunidade. Se fosse hoje acho que não sairia. Na verdade, eu tinha medo de não continuar no profissional, nós éramos muito criticados e isso dava muito insegurança. E na própria diretoria eu não via aquela confiança no meu futebol, isso dava medo.
AS - No ano seguinte, 2005, você retornou ao Brasil para defender o Corinthians, conquistando o maior título de sua carreira: o de campeão brasileiro. Como foi atuar ao lado de grandes jogadores como Tevez, Mascherano e Nilmar?
W - Experiência maravilhosa, o Tevez e o Mascherano eu já conhecia muito bem, sempre fomos rivais de seleção de base e a maioria do grupo eu conhecia porque eram todos da minha idade e companheiros de seleção, como Marcelo Mattos, Carlos Alberto, Wendel e Marcelo. Era muito show estar naquele grupo, aprendi muita coisa. Ser campeão brasileiro então foi tudo de bom. Agradeço a DEUS por um dia ter me dado essa oportunidade, de fazer parte de um grupo daquele e ter vestido a camisa do Corinthians, um dos clubes mais importantes do Brasil.
AS - Depois de uma passagem pelo Estrela Amadora de Portugal você retornou ao Brasil para atuar pelo Juventude. Como você avalia a sua passagem pelo futebol europeu?
W - Esse clube não existe, não gostei, passei por momentos chatos nesse time.
AS - O que aconteceu em Portugal que lhe aborreceu tanto?
W – É um clube sem estrutura nenhuma. Teve dia que nem campo para treinar tinha! Quando eu cheguei lá fiquei sabendo que tinha jogador que estava há oito meses sem receber salário. O presidente não queria cumprir com um acordo que tínhamos no contrato porque minha esposa foi grávida e eles tinham que pagar o parto e as coisas do hospital. Faltando um dia para meu filho nascer, ele ficou fugindo de mim dizendo que não ia pagar e eu ligava e ele desligava o telefone na minha cara. Foi muito desgastante, porque estava fora do meu país e preocupado com o meu filho. Mas Graças a DEUS o médico foi super legal conosco e falou assim: “Se está no contrato ele tem pagar.”, e deu tudo certo. Logo depois disso pedi para ir embora.
AS - Em Caxias, você foi vítima de um assalto em que seu filho acabou baleado, mas sobreviveu. Essa violência fez com que você desistisse de atuar no Brasil? O que mudou em você, dentro e fora de campo, após este episódio?
W - Não foi isso que fez eu sair do Brasil não, acho que foi mais pela falta de oportunidade em algum clube bom aí, No momento que aconteceu isso com meu filho foi o momento mais difícil da minha vida, mas eu achava que era forte demais e que não tinha tido nenhuma mudança em meu comportamento, até porque era difícil acreditar que aquilo tinha acontecido com meu filho que tinha sete meses. Eu não tinha muito noção, parece que a ficha não tinha caído que ele tinha tomado um tiro e eu tentava viver normalmente, como se nada tivesse acontecido. Uma hora antes de acontecer isto, ele estava dentro de casa pulando em uma cadeirinha de balanço e eu não queria acreditar, quando eu ia treinar sempre falava pra ele: “-O papai vai trabalhar e cuida da mamãe, porque quando eu não estou é você o homem da casa.” E ele me olhava como se entendesse. Quando eu o vi no hospital entubado foi muito ruim. No outro dia de manhã eu tive força para ir treinar, não queria ficar lá no hospital senão ia ficar louco. Quando ele foi operado, ele não tinha aberto os olhos ainda, mas quando eu tava saindo para o treino falei a mesma coisa que falava sempre do ladinho dele e foi uma emoção tão forte que ele abriu os olhos e olhou para mim. Mas depois de dois anos do ocorrido parece que caiu a ficha agora e naquela época eu achava que eu não tinha mudado meu comportamento. Hoje eu vejo que fiz coisas que nunca deveria ter feito no clube, de brigar com as pessoas, de ser grosseiro com companheiro, de discutir com diretor, mas hoje quando o vejo brincando e correndo, me pego chorando sozinho. Ou quando vejo alguma coisa que aconteceu com alguma criança me faz chorar. Mas não conta para os atacantes não porque senão eles vão achar que sou um zagueiro meigo né?! (Risos)
AS - Atualmente você está na Turquia defendendo o Denizlispor. Qual a grande diferença de estrutura entre os clubes em que você atuou fora do Brasil e os daqui?
W - Sim, é um clube pequeno, porém, tem uma estrutura muito boa, um CT ótimo, que clubes grandes aí do Brasil não tem.
AS - Você defendeu o Criciúma na Série B 2008, mas a equipe catarinense acabou rebaixada. O que você acha que é mais complicado na disputa da “segundona”?
W - É mais pegada que a Série A. O time que não conseguir ter uma equipe competitiva, que corra bastante e que lute muito, tende a cair ou não conseguir o grande objetivo que é subir para a primeira. Foi o que aconteceu conosco lá no Criciúma. No papel tínhamos um time ótimo, com jogadores de nome, mas não conseguimos formar um time competitivo. Muita mudança de treinador e outros vários fatores também contribuíram para a queda.
AS - Você aceitaria retornar ao Vasco?
W - Com certeza! É um clube que admiro muito, vivi minha adolescência toda no Vasco. Cheguei com 12 anos e saí com 20, todos dentro de São Januário. Tenho um respeito muito grande pelo Vasco, foi o clube que me deu toda estrutura para eu ser um bom jogador, uma pessoa melhor e hoje, depois de todo esse tempo que sai daí, a vontade de voltar é grande. Hoje estou com 25 anos, muito mais maduro, mais experiente, mais seguro do meu futebol, com uma família formada, mais responsável e, se um dia eu tiver a chance de vestir essa camisa de novo, vai ser como da primeira vez que cheguei à São Januário, com 12 anos e cheio de expectativa e sonhos.
AS - Mande um recado para a torcida vascaína!
W - O Sentimento não pode parar! Um grande abraço para todos! Estamos na luta até o fim para retornamos para a Série A. AMO ESSE CLUBE DE CORAÇÃO!
VÍDEO DO JOGO EM QUE WESCLEY MARCOU O SEU PRIMEIRO GOL PELO VASCO:
Bela Entrevista André
ResponderExcluiro Wescley é um bom zagueiro, pena que teve que sair pra ser reconhecido
ABRAÇÃO