domingo, 19 de abril de 2015

Um dia nada comum


Não é um dia comum. Muito menos um dia tranquilo e relaxante de domingo. É dia de clássico. É dia de Flamengo e Vasco. Dia de decisão.
A tradicional calmaria da manhã de domingo é trocada pela ansiedade, pela expectativa. Nas ruas, camisas e bandeiras demonstram a importância da partida, dividindo a população por uniformes. Não é segregação, é paixão.
As areias das praias ganham um rival, um adversário imponente: o Maracanã.
Com o velho manto já amarelado, se inicia o dia. O amanhecer traz algo de diferente, de novo, excitante. Se a noite anterior dificulta o sono, a manhã de domingo antecipa o acordar.
Não é um dia comum…
‘- E hoje, será que vai?’, pergunta o rapaz da padaria ao ver a camisa com a faixa diagonal.
‘- Tomara!’, respondo sem pestanejar.
Não é preciso conhecer a pessoa para puxar assunto. Se está na rua e uniformizado – mesmo com a do rival -. é motivo para dirigir a palavra, acenar com a cabeça ou até uma buzinada, sempre seguida de um grito: ‘- É hoje hein!’.
O sinal de ok reafirma: sim, é hoje!
Os panos tremulam nas janelas como se marcassem território. E marcam. É uma guerra fria, um jogo psicológico. Há algo de diferente no ar.
Não é uma partida de 90 minutos. Começa uma semana antes e não tem dia para terminar. Se é que termina… É algo constante, uma disputa no dia a dia, está no cotidiano dos torcedores.
Sem dúvida, não é um dia normal…
A Cruz de Malta no peito bate seguindo o ritmo do coração do vascaíno apaixonado. Dita o tom do que virá a ser o jogo. E a bola ainda nem rolou…
Pela voz da torcida, a paixão pelo Gigante é exaltada, do amanhecer até virar a madrugada. O que esperar de um dia como esse? Como lidar com esse amor? A resposta não existe.
Não é um dia normal. Não é para ser entendido ou explicado, é para ser vivido.


Viva!

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